Em 1769, Julião Pereira de Castro nomeia Simão Duarte de José Duarte para “irem ajuntar neve à real fábrica que se acha no Cabeço do Pereiro, Serra da Lousã, e para esses avisarem os mais do lugar do Coentral para acudirem a juntá-la, por ficarem os ditos à vista da serra e verem quando cai a dita neve como também para irem ver amiúde que não haja algum prejuízo na dita fábrica causado pelos pastores ou pessoas que passem, que não quebrem telhas dos telhados ou outro qualquer prejuízo, para logo que suceda se prover de remédio e para o que lhe concedo todos os meus poderes que neste alvará são concedidos por Sua Majestade”.
Além dos cestos repletos de neve, contava esta produção com um reforço de gelo, feito em pleno Inverno por meio das alagoas (tabuleiros onde a água da chuva, ao relento, ia ficando até gelar).
Chegado o tempo quente, o povo descia de novo aos poços, onde a neve era cortada e erguida, em grandes blocos, para cima dos carros de bois. Enrolados em sarapilheiras, revestidos de palha, os fardos seguiam então pelos carreiros da serra, até Miranda do Corvo, primeira paragem para muda de animais, e mais tarde até ao pequeno porto de Constância. A neve chegava de barco ao estuário do Tejo, sendo rapidamente distribuída pelos botequins da Baixa lisboeta. Já em 1782 é consumida esta neve no “botequim da Praça do Commercio”, o actual Martinho da Arcada. [...]
Marina Tavares Dias
em «Os Cafés de Lisboa»
Sem comentários:
Enviar um comentário
Obrigados pelo seu comentário. Aquilo que os leitores nos dizem é da máxima importância. Se quiser denunciar plágios ou cópias de imagens ou informações, por favor deixe explicito qual o site ou perfil que devemos investigar.