Marina Tavares Dias, Olisipografia

38 anos de criatividade pessoal ao serviço do colectivo, na defesa de LISBOA

segunda-feira

 IGREJA DE S. DOMINGOS


Rescaldo do grande incêndio da Igreja de S. Domingos, na madrugada de 15 de Agosto de 1959. Daquela que foi uma das mais opulentas igrejas de Lisboa pouco resta além da fachada. O recheio conserva-se praticamente como o incêndio o deixou, conferindo ao local o encanto próprio das grandes ruínas históricas.

Em: Lisboa Desaparecida de Marina Tavares Dias
Fotografia: Arquivo MTD




 FEIRA POPULAR


«O mais celebrado de todos os divertimentos da Feira Popular foi também o que conseguiu manter maior longevidade: o Carrossel Oito, conhecido por «carrossel de dois andares». O segredo seria a frequência mista de adultos e crianças e um atractivo extra: bolas que, penduradas do tecto, convidavam ao murro quem cavalgava zebras ou girafas. Nas noites mais animadas, a gritaria era ensurdecedora.»
Excerto de Lisboa Desaparecida, volume 9, de Marina Tavares Dias.


Fotografia do Arquivo Municipal de Lisboa.





sábado

AS PORTAS DE SANTO ANTÃO


Sendo saída da cidade, será fácil adivinhar a razão pela qual o topónimo inclui a palavra “portas”. É que, realmente, aqui ficava uma das portas da muralha de Lisboa. Quanto à evocação do Santo Antão, tem ela a ver com um mosteiro de frades dedicado a esse santo e fundado por volta de 1400. Mais tarde (em 1539), os frades trocaram de convento com as freiras da Anunciada, cuja morada tradicional era o célebre Coleginho da Mouraria.

Em: Lisboa Desaparecida de Marina Tavares Dias




quinta-feira

JERÓNIMO MARTINS


Desde 1878, era para aqui (de Vale de Lobos, onde voluntariamente se exilara) que Alexandre Herculano exportava em exlusivo o seu azeite de médio proprietário agrícola. Este "aqui" era uma casa referencial de Lisboa e sê-lo-ia até ao incêndio do Chiado de 1988: o Jerónimo Martins. Ei-la, talvez no máximo do seu esplendor de múltiplas montras ostentatórias quer da variedade e do exotismo dos produtos à venda, quer do dourado das suas medalhas, quer ainda do pergaminho da data setencista da sua fundação (1792). Tem de tudo esta casa única no seu género no Chiado da época: víveres, leques e perfumes, louças da China e do Japão, novidades, chás... Será um chá isso que a dama do chapéu escolhe? E que faz ali, parada no passeio, a rapariga de avental? Um homem, apressado, sobe a Rua Garrett. Outro, mais vagaroso, desce-a. Um marçano estacou a meio para dois dedos de conversa com alguém encoberto pelo candeeiro (ainda a gás? já de electricidade?). Numa porta, e mal se vê, enfastia-se um lojista posterior a Cesário, doutra parece ir sair um rapaz com um saco. De chapéu na cabeça, três outros olham a objectiva, como o faz a rapariga do avental. Nenhum tem nada nas mãos, e as mãos sobram-lhes. Como o tempo que por este Chiado passa. É Lisboa, 1903. Lentas escorrem as horas frente ao Jerónimo Martins...

Texto do livro «Os Melhores Postais de Lisboa» de Marina Tavares Dias. Imagem: Arquivo MTD.



segunda-feira

PENHA DE FRANÇA


Penha de França pelo pintor Thomaz de Anunciação (1818-1878). O caminho que parte da igreja era conhecido por «caracol da Penha» e o seu traçado subsiste nos arruamentos a que deu lugar. Em primeiro plano, a cena campestre desenrola-se nos terrenos da actual Avenida Almirante Reis.


(Lisboa Misteriosa, Marina Tavares Dias, 2011)





domingo

PALHAVÃ


Parque de Santa Gertrudes, pertencente a José Maria Eugénio de Almeida e mais tarde cedido pela família para primeiras instalações do Jardim Zoológico. A Feira Popular funcionaria aqui entre 1943 e 1957. O lago, ainda hoje existente nos jardins da Gulbenkian, foi diversas vezes utilizado como parte do percurso da montanha-russa.

Em: Lisboa Desaparecida de Marina Tavares Dias





PASTELARIA VERSAILLES 


Interior da Versailles, da Avenida da República, em 1928 e ainda sem galeria do lado esquerdo e balcão comprido à direita.

Em Lisboa Desaparecida de Marina Tavares Dias, volume 4.





sexta-feira

 CONFEITARIA NACIONAL


A Confeitaria Nacional (fundada em 1829) mantém, bem visíveis na fachada, as réplicas das medalhas conquistadas nas grandes exposições universais. É caso único em toda a Baixa, e recorde-se como, mesmo antes do incêndio do Chiado em 1988, já a loja Jerónimo Martins apeara as suas.

Todo um mundo, toda uma era nos ocorrem, observando-as: Francisco José, imperador quase eterno da Áustria-Hungria, ornando a medalha da exposição de Viena; ou as deusas do progresso, em carruagens imparáveis, como prémio da grande exposição de Paris 1900.

«Lisboa Desaparecida», volume 4, de Marina Tavares Dias.