Marina Tavares Dias, Olisipografia

38 anos de criatividade pessoal ao serviço do colectivo, na defesa de LISBOA

domingo

OS QUADROS D'A BRASILEIRA


Marina Tavares Dias em «Os Cafés de Lisboa»:


As telas da Brasileira do Chiado, representativas duma geração artística cujas opções estéticas estavam ainda longe de ser consensuais,  provocaram enorme celeuma entre os académicos e o público mais conservador, transformando a Brasileira do Chiado em assunto de primeira página nos jornais do tempo. Lisboa, como sempre sequiosa de uma boa polémica, seguiu o tema com enorme interesse. António Soares foi o primeiros dos pintores convidados, delineando um esquema para a distribuição das telas pelas paredes e convidando imediatamente Eduardo Viana, que com ele concordou. Depois, recrutaram juntos os outros artistas: Almada Negreiros (2 quadros), Jorge Barradas(2), Stuart (1), Bernardo Marques (1) e José Pacheko (1).

 

António Soares e Eduardo Viana, então considerados os principais pintores daquela jovem geração (Almada Negreiros era ainda conhecido apenas como desenhador), receberam seis contos por quadro. As restantes obras foram pagas a quatro cada uma. Permaneceram nas paredes durante 45 anos, acumulando pó, fumo de cigarros e humidade de café. De vez em quando eram limpas com potassa*. Em 1968 estavam praticamente irreconhecíveis, tendo os jornais então alertado para o perigo de se perderem totalmente, caso não viessem a ser socorridas dentro de pouco tempo. Silva Pinto, da nova gerência, reconhecia não possuir A Brasileira meios para recuperar os quadros, cujo valor subira, entretanto, muito acima do que alguma vez fora esperado.